"Momentos" na mira da mídia

 


















"Momentos" na opinião de quem assistiu

"Na última quinta-feira do mês de junho, tive a oportunidade de assistir a peça teatral “Momentos”, na mostra regional de artes cênicas no Sesc de Nova Friburgo/RJ. A apresentação retrata o reencontro de quatro mulheres, amigas, todas acima dos 50 anos, trocando experiências e afetos sobre a vida, expondo alegrias e vulnerabilidades sobre ser mulher, assim como, revisitando histórias marcantes que vivenciaram juntas. Suas falas e reflexões convidam o público a participar desse íntimo encontro. 
Baseando-me nisso, escrevo então minhas impressões sobre essa impressionante peça teatral. 
Primeiro, gostaria de começar fazendo uma conexão da peça com o tempo, pois as personagens estão (supostamente) narrando no presente histórias do passado, mas, através dessas histórias, podemos entender que não se trata necessariamente de um passado distante, mas de um passado que se atualiza e busca novas conexões, ou construções sobre ele. 
Digo isso, porque embora nos organizarmos separando passado, presente e futuro, a temporalidade das nossas vidas não ocorre de forma linear. 
Na peça, as amigas estão tecendo palavras sobre experiências do passado, e assim elas não só rememoram os eventos que vivenciaram, mas ressignificam, reelaboram, a partir das novas construções, o "presente". E isso é viver! Apalavramos o tempo, as experiências e os afetos como possibilidade de continuar existindo - e resistindo no laço social... Esse laço que se constrói e se (re)faz toda vez que há um encontro e um atravessamento por corpos e sujeitos, e isso é o que vemos na apresentação. 
Através das construções do "presente", é possível ressignificar o que aconteceu no "passado" e se re-colocar no mundo, repetindo esse ato sempre que for necessário. Isso também nos revela que a vida é um movimento constante e que a nossa história não é cronológica. 
Outro ponto importante da peça que me chamou a atenção foi a experiência e elaboração do luto através da memória, do afeto e da palavra.
Não posso deixar de dizer o quanto isso conversa diretamente com a construção dos figurinos, dos movimentos corporais e também dos toques de afeto (ou a falta deles) que acontecem entre as personagens durante o enredo.

Foi assim que eu signifiquei a peça: o reencontro das amigas que, através do laço social puderam elaborar o luto da amiga que se foi e também elaborar outros lutos vivenciados anteriormente, como o de não ser mais jovem, de não ser mãe, de não ter mais seus filhos no ninho, de não ser quem quis ser, de não ser a mulher ideal, etc. e também das possibilidades de dar contornos à vida, recontando suas histórias para continuar existindo." 

Lucas Martins de Freitas (Psicólogo - Nova Friburgo/RJ - @lucasfreitaspsi)